Uma Viagem ao Mundo dos Vinhos Espanhóis!, Vinho X Vida

Conhecendo a Classificação por Tempo de Envelhecimento dos Vinhos Espanhóis

Joven, Crianza, Reserva, Gran Reserva: o que significam estes termos? O que esperar de um vinho que leva um destes nomes no rótulo?

Algo muito interessante nos vinhos espanhóis é que eles já saem da vinícola prontinhos para serem bebidos, ou seja, você pode comprar e tomar imediatamente, não precisa esperar anos e anos para que o vinho alcance o seu auge e possa ser bebido.

Muitos dos vinhos espanhóis têm um grande potencial de guarda, e podem ser esquecidos na adega por muitos anos e até décadas. Mas eles só saem das prateleiras das vinícolas depois de envelhecidos em adega o tempo mínimo para atingirem o ponto ideal de consumo. E, muitos deles estagiam em barrica de carvalho por muitos e muitos meses, com o fim de atingir um pouco mais de complexidade.

Então vamos ao que interessa de fato. Na Espanha, os vinhos são classificados, por tempo de envelhecimento, em: Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva. E este será o tema deste artigo.

Joven

Também são conhecidos como “sin Crianza” ou “Vino del Año”.

Os vinhos que levam este termo no rótulo são elaborados para consumo mais rápido, preferenciamente, no mesmo ano da colheita. Normalmente, indica que aquele vinho não estagiou em barrica de carvalho, ou, se estagiou, foi por pouco tempo.

Na maioria das vezes, estes vinhos apresentam um sabor mais frutado e são mais frescos e leves. São vinhos para o dia a dia, para eventos com amigos e reuniões informais.

Crianza

Antes, vamos esclarecer o que significa “crianza”.

A pronúncia da palavra “crianza” é idêntica à da “criança”, em português, porém “crianza”, em espanhol, não tem nada a ver com juventude, ao contrário, está relacionada a “criação”, ao tempo de envelhecimento do vinho.

De acordo com as leis espanholas da vinha e do vinho, para que um vinho tinto seja classificado como “crianza”, ele precisa passar pelo menos 24 meses envelhecendo, dos quais, 6 meses devem ser em barricas de carvalho (com exceção da Rioja, Ribera del Duero e Navarra que exigem 12 meses), e o restante do tempo, o vinho permanece na vinícola, mas já engarrafado.

Quanto aos vinhos brancos e rosés, são exigidos 12 meses de envelhecimento, dos quais, a bebida de Baco deve permanecer pelo menos 6 meses em barrica, e o restante, em garrafa.

O resultado é diferenciado. Os vinhos apresentam um sabor mais marcante, mantendo sabores frutados e adquirindo alguns sabores da madeira, como baunilha, especiarias e leves nuances defumadas.

Reserva

Comumente, as melhores safras são reservadas para este tipo de vinho ou para o Gran Reserva.

O tempo na adega aumenta. Para Reserva tinto, são exigidos pelo menos 36 meses de guarda, sendo que o vinho deve passar no mínimo 12 meses em barris de carvalho e o restante em garrafa.

Além da maior complexidade na produção, eles são elaborados com as melhores uvas e, consequentemente, o valor é superior se comparado ao dos vinhos crianza e joven.

No caso de brancos e rosés, são exigidos 24 meses de envelhecimento, dos quais, devem permanecer pelo menos 6 meses em barris de carvalho e, o restante, em garrafa.

O resultado é um vinho intenso, mais complexo e macio, com aromas que sofrem influência da madeira e sabor mais rico.

Gran Reserva

Esta é a última classificação e a mais rígida de todas.

Para colocar o termo “Gran Reserva” no rótulo, o vinho deve ser elaborado somente em safras de excepcional qualidade, ou seja, quando as uvas alcançam sua melhor qualidade.

Os Gran Reservas tintos precisam de um envelhecimento mínimo de 60 meses, com pelo menos 18 meses em barricas de carvalho e o restante na própria garrafa na qual será comercializado.  Aqui também há exceção para os vinhos da Rioja, Ribera del Duero e Navarra, onde são exigidos pelo menos 24 meses em barricas.

Já os brancos e rosés devem envelhecer por pelo menos 48 meses, sendo 6 meses em carvalho.

Mas conseguir esta certificação não é uma tarefa muito fácil, pois as exigências são muito grandes. São poucos os produtores que conseguem rotular seus vinhos como Gran Reserva. Comparados às demais classificações estudadas até aqui, eles são ainda mais raros de serem encontrados, e mais caros.

Mas todo este tempo de espera é premiado com um vinho mais complexo, tanto em boca, como em nariz. Normalmente, agradam aos apreciadores de vinhos mais estruturados.

Assim, os vinhos espanhóis são capazes de agradar a todos os gostos, e de se adequar aos mais diversos momentos e eventos! E o lado bom: podem sair diretamente da adega, para a taça, porque já estão prontinhos para o consumo!

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Por Alê Mendonça

Sommelière; Engenheira Mecânica e Matemática; Mestre em Administração Tributária, na Espanha, e Mestre em Engenharia Mecânica; Diretora Executiva de Eventos da Associação Brasileira de Sommeliers do Distrito Federal - ABS-DF.

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