Arranjo na Cornucópia por @papoularia / Experienciar as flores através dos sentidos
Tudo começou no experienciar as flores através dos sentidos! Desde que principiei meu contato com as flores, menina ainda, já pude perceber a poética envolvida. Só não conseguia verbalizar as sensações, tendo em vista minha pouca idade. Mas conseguia sentir. E como…
Eu era atraída, tal qual um polinizador, pelas cores ora vibrantes, ora nem tanto… As formas, os cheiros. Amava ver a dança florida ao sabor do vento. Poético, repito. Minha imaginação fortemente fertilizada pelas leituras de Monteiro Lobato, alimentavam fantasias sobre fadas que moravam nas flores, gnomos encantados, elfos, animais falantes…
E assim cresci sabendo que as flores nos presenteiam com experiências sensoriais marcantes. Porém, muitas vezes deixamos passar esta chance de apreciá-las devidamente. Seja porque estamos sempre atrasados, achando que é “tarde, muito tarde”(como o coelho de Alice no País das Maravilhas), seja porque estamos distraídos com o turbilhão de afazeres que inventamos, esquecidos de que na verdade, pouca coisa realmente importa.
As flores importam… Porque elas nos lembram que estamos vivos (sem plantas não estaríamos aqui). Nos lembram das pausas necessárias. Nos despertam para os sonhos… Elas aguçam nossos sentidos.
Pela visão, nos trazem a estética pura, o belo em plenitude, a divindade e uma paz instantânea. As flores nos fazem sorrir sem percebermos. É sensação parecida com a de ver um bebê fofo ou um cachorrinho lindo.
Mas vão muito além do prazer visual. São terapêuticas e grandes aliadas na autorregulação das nossas emoções através do estímulo aos mais diversos campos cerebrais, seja pelas cores, aromas, sabores. Todos os nossos sentidos podem ser estimulados e beneficiados por elas.
Experienciar as flores através dos sentidos
Pelo olfato, os diversos aromas criam memórias afetivas e nos remetem a lugares, momentos. As espécies mais perfumadas, como lírios, angélicas, rosas, lavandas, marcam sua presença mesmo se estiverem restritas a apenas um cantinho da casa. E a aromaterapia derivada do perfume dos mais diferentes tipos de plantas, flores e ervas comprova o poder terapêutico da natureza.
Ah, o paladar… Doce, azedo, salgado, amargo e umami. A maior parte das flores, se cultivadas de forma segura, são comestíveis. Algumas nossas velhas conhecidas como brócolis, couve-flor, alcalchofra, violetas, rosas, capuchinha, amor-perfeito, tagetes, dentes de leão, lavanda, acácia branca, flor de mel, calanchoe, cravina, calêndula…
E é incrível sentir com o tato as folhas, pétalas, hastes da flor… Se fecharmos os olhos, aguçamos outros sentidos. E é assim, com os “espelhos da alma” cerrados, que gosto de sentir o rugoso, o aveludado, o liso e o áspero de uma flor.
A audição? Não é estimulada pelas plantas em si, mas pela cadeia natural que elas envolvem. Com as espécies certas, é possível atrair pássaros de forma natural para o seu jardim, mesmo que seja numa varandinha.
E tem coisa mais gostosa do que ouvir um pássaro cantando bem de perto? O rumor das folhagens com o balanço do vento… E posso afirmar que as rosas falam. Cartola nega isto na canção “As rosas não falam”, mas ouso discordar, com todo meu respeito e admiração. De música e amor ele entendia bem. Mas eu entendo de flores… Ah, como entendo.
E aí? Vamos florescer?
As flores alegram o meu dia!!!