Há idade certa para aprender um novo idioma? Especialista esclarece essa e outras dúvidas sobre o ensino bilíngue na infância
Respeitar o ritmo de aprendizagem da criança, não corrigir demasiadamente, reforçar o uso dos dois idiomas, são algumas dicas fornecidas para garantir o desenvolvimento pleno da segunda língua
Aprender um novo idioma se faz cada vez mais necessário, principalmente o inglês, que é tido como uma língua franca, ou seja, já é falado por diversos povos ao redor do mundo. De acordo com a Abebi, Associação Brasileira do Ensino Bilíngue, as escolas do segmento vêm crescendo exponencialmente, somando mais de 1,2 mil por todo o país. Um aumento de 10% num período de cinco anos. Mas há uma idade certa para aprender um segundo idioma? Quais os cuidados ao inserir uma criança no contexto bilíngue?
Taiana Abreu, coordenadora bilíngue da Blue Global School, esclarece que o ensino de outro idioma para crianças pequenas proporciona o desenvolvimento de habilidades cognitivas superiores em comparação com aquelas que falam apenas um idioma. “Pesquisas apontam que a exposição precoce a dois idiomas facilita a aquisição dessas línguas. Elas se tornam mais sensíveis aos sons e padrões linguísticos, o que pode ser benéfico ao longo da vida”, aponta.
Conforme a especialista, o ensino bilíngue vai muito além de aprender dois idiomas. Trata-se também de explorar e compreender diferentes culturas associadas a esses idiomas. Para ela, não há uma idade específica para inserir a segunda língua na vida da criança, o mais importante é criar um ambiente propício à aprendizagem, com estímulos regulares e oportunidades para a prática da nova língua.
Nesse contexto, escolher uma instituição bilíngue pode ter diversos benefícios para o desenvolvimento educacional e cognitivo dos pequenos. “São muitos os ganhos, entre eles: a aquisição natural de idiomas, o desenvolvimento cognitivo aprimorado, a adaptação de diferentes ambientes, o estímulo à curiosidade, o aprendizado contínuo”, pontua Taiana.
Segundo a coordenadora, a dinâmica da escola e a metodologia usada estimula a resolução de problemas, pensamento crítico e criativo, autonomia e iniciativa para tomada de decisões. “A criança aprende a explicar e entender a palavra e não só traduzi-la. Isso desenvolve uma maior flexibilidade cognitiva, sensibilidade para a comunicação e relações interpessoais”, destaca.
Confusão de idiomas
Durante o aprendizado dos pequenos é comum que eles confundam e/ou misturem os idiomas. Esse fenômeno é conhecido como “mistura de códigos” ou “code-switching”. Taiana Abreu afirma que na maioria dos casos, essa mistura é uma parte normal do processo de aprendizagem e não deve ser considerada um problema.
Mas a especialista alerta que os responsáveis devem estar atentos quando essa confusão acontece com muita frequência. “Crianças de 4 anos já dominam o som das letras, aos 5 elas identificam as letras e o sons que elas emitem, aos 6 anos já estão alfabetizadas, dependendo do estímulo que recebem. Caso a criança não esteja de acordo, é interessante levá-la ao psicólogo para entender o que está acontecendo”, pondera.
A coordenadora bilíngue aponta ainda que a família deve ter alguns cuidados para evitar a mistura de códigos:
1- Respeite o ritmo da criança: cada uma tem seu tempo para aprender a nova língua.
2- Não corrija demais: isso pode acabar criando um bloqueio na criança. Podemos achar que estamos ajudando, mas na verdade isso pode prejudicar o desenvolvimento da língua.
3- Reforce positivamente o uso de ambos os idiomas.
4- Exponha a criança ao idioma, com livros, músicas, filmes, jogos, etc.
Especialista dá dicas ainda de como os pais podem ajudar na fixação dos dois idiomas
1- Crie um ambiente de imersão: estabeleça um local em casa onde ambos os idiomas sejam usados regularmente.
2- Atividades lúdicas e educacionais: jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, aplicativos educativos e brincadeiras que usem os dois idiomas também podem ser eficazes.
3- Leitura diária e contação de história: leia regularmente para a criança e a incentive a contar histórias.
4- Estimular a conversação: crie uma rotina de conversação onde certos momentos do dia são dedicados a um idioma específico.
5- Manter um ambiente positivo e estimulante em relação aos idiomas é essencial para o sucesso a longo prazo.